sábado, 19 de maio de 2012

Lembranças dos Coelhos do Cascavel - George Coelho


Do Tio Mário

Uma vez, menino de uns 8 anos, portanto era talvez 1960, fui na casa do tio Mário, levado pelo tio Chico em seu lentíssimo Prefect verde. A casa, de frente para a Escola Normal, próxima a igreja do Pequeno Grande e também próxima à casa de tio Sebastião, era sombreada por uns Ficus Benjamins que ficavam na calçada. Pelo aspecto sóbrio, a casa toda me deu impressão de biblioteca e, pelo sombreado que falei, uma certa penumbra tranquila. A tia Liló e o tio Mário me pareceram, mesmo com a minha visão de criança, pais afetuosos demais com os filhos. Tudo estava sereno, não fora na ocasião uma das primas, acredito a mais nova, que chorava por algo ou por causa das visitas, não sei o motivo. Esticava o choro ficando quase sem respirar pra chamar mais a atenção dos pais. Era uma certa chantagem emocional, comum em toda criança, com os pais que não queriam contrariá-la. Tio Chico, neutro, prático que era, e com o senso de humor sempre presente, aconselhou meu tio mais ou menos assim: Não liga não, Mário. Deixa a menina chorar que ela se cansa e pára logo, logo. Só isso o que me lembro daquele dia da visita que o tio Chico fez ao tio Mário numa certa manhã de sol dos meus talvez 8 anos.

George Alberto de Aguiar Coelho

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