sábado, 22 de setembro de 2012

A tia Yayá - Por George Coelho



Foto: Tia Yayá e eu (George)

Walmar,
Muito boas suas recordações sobre a tia Yayá:
http://oscoelhosdocascavel.blogspot.com.br/2012/09/a-tia-yaya-por-walmar-coelho.html

A gente sempre ouve estórias que desconhecia, por isso é muito bom que as pessoas dêem seus depoimentos dos entes queridos. Eu, por exemplo, não sabia que o ofício antigo do Tio Chico em Cascavel era alfaiate. Ele me contou uma vez, se é que me lembro direito, que trazia cargas de rapaduras em jumentos do Cascavel pra cá. Um dos almocreves, seu amigo, era Genésio Queiroz, pai do Edson Queiroz. Tio Chico, juntamente com o Edson Queiróz, era um dos sócios do famoso Abrigo Central que ficava em um dos lados da Praça do Ferreira em Fortaleza. Do Genésio, eu tenho uma estória. Como você sabe, vivi com tia Yayá e tio Chico na casa de Messejana, onde hoje se situa uma autarquia estadual: Detran. Na frente do enorme terreno ficava uma cancela da Polícia Rodoviária Federal, onde os carros baixavam a velocidade para fazerem o contorno das duas cancelas de madeira dispostas como obstáculos na pista. Nos fins de tarde, ficávamos eu e o tio Chico, ele em pé, eu sentado no muro, vendo a procissão de carros passarem na BR 116. O cheiro da gasolina chegava aos meus pulmões e olfatos de forma mais agradável da de hoje. Eu já sabia as perguntas do tio Chico quando o ônibus com o letreiro do Eusébio, lugar que na época eu não conhecia onde ficava, passava. Tio Chico me perguntava insultando meus conhecimentos de leitura. Que ônibus é esse? E eu levantava a bola pra ele: Eusébio. Ele olhava pra mim e dizia: Tusébio? E eu, de novo, não tio, EUsébio. E o tio, TÚsébio?... E ficávamos ali até rezar o terço diário no fimzinho de tarde com a tia Yayá, olhando prum crucifixo de madeira que ficava no quarto de casal da casa. Tio Chico era de um humor ímpar. Pra tudo que via, tinha uma brincadeira arguta. E eu teria muitas estórias pra contar dele.

O Sr. Genésio Queiroz, pai do Edson Queiroz, na época eu não sabia quem eram os dois. Um dia chegou o Seu Genésio num Landau, cujo chaufer era um motorista magérrimo de quepe, todo fardado. O landau estacionou sobre uma das frondosas mangueiras do sítio de Messejana. Parou como param aqueles carros antigos com amortecedores que, como um colchão macio, fazem o carro flutuar na vertical, antes de parar por completo. O Genésio desceu do carro. Não falou comigo, mesmo eu estando ali olhando pra ele de perto. Explico que naquele tempo, menino não merecia confiança dos mais velhos. Pois bem, Genésio desceu do carro, pegou uma pistola. E, e... Apontou pro tronco dum pé de carambola que crescia encostado num muro alto. Deu uns poucos tiros. Acertou um deles, de vera, pois, mais tarde, eu tirei o chumbo de dentro do tronco. Momento seguinte, entrou na casa, como um velho conhecido e foi direto falar com Maria.

E aí a minha primeira divergência com parte do que você disse Walmar. A bondosa negra empregada de Tio Chico e Tia Yayá era Maria e não Carmélia. Maria do Espíirito Santo se chamava ela e era do Quixeramobim. Depois, lendo um livro de história do Ceará, descobri que, na terra do Antonio Conselheiro, existia um lugarejo que se chamava Espírito Santo. Neste, habitavam negros provindos de Angola. Liguei as pontas; o Espírito Santo da Maria devia de vir dali: Maria do Espírito Santo.

Voltando ao Sr. Genésio, ele chegou pra Maria, eu ouvindo, e lhe disse: "Maria cadê o burrinho de cana, Maria. E uma rede?" Fico em dúvida hoje se o nome que disse era burrinho de cana, mesmo. O certo é que Maria respondeu como se falasse com qualquer um: "Lá vem tú Genésio tomar tuas doses de pinga." Mas não discutiu: deu o burrinho de cana e uma rede alvinha e limpa pro Sr. Genésio que os levou pros fundos da casa de  Messejana, onde existia uma casa menor. Um quarto só era tudo da casa. Sem banheiros, sem nada. Na realidade, ali não era casa, não, mas um galinheiro e era o local onde a Dona Maria do Estevão, casada com Seu Estevão, engomava toda semana as roupas da casa, com ferro de engomar de brasa, depois de lavadas e postas no quarador de roupas. O quarador era resto de brita de construção, jogada no chão. Fcava entre a o galinheiro e os fundos da casa.  Em frente ao galinheiro, tinha um pé de algaroba, que fazia sombra na quentura e onde cantavam um casal de rouxinós mansos que ali tinha um ninho.

Pois bem, Sr. Genésio armou a rede perto das varas penduradas em tijolos, próximo ao chão, onde dormiam as galinhas. Genésio deitara ali com uma perna pra dentro da rede e outra pra fora. Deitado certamente sentia e não se importava com o cheiro forte de estrume de galinhas que se exalava no ar. Ali, no pequeno quarto, bebericou o burrinho de cana, danando-se  a dormir até o fim de tarde, quando saiu leve, tão ligeiro e sem cerimônias igual a como chegou. Cheguei minhas conclusões de filósofo de merreca que sou sobre o que fazia Genésio, um homem já rico na época, em um ambiente que, digamos assim, não combinava com os seus possuídos. Penso que Genésio, buscava sua infância perdida de Cascavel. Só isso.

Sobre Tia Yayá ainda, fazendo um preâmbulo. Não conheci pessoa mais discreta que o papai. Confirmo isso que essa história dramática passada por tia Yayá e o ciumento militar rejeitado, essa história só vim a saber um dia desses contado pelo Wagner, ouvido de tio Walter, em uma reunião que fui na casa do Peryguari. Disse ele também que o pai deles, nosso avô, Sebastião, senhor de severo bigode, após o ocorrido e Tia Yayá ainda pingando sangue em uma rede, que naquele tempo assistência médica era em casa. Pois bem, Vovô Sebastião reuniu os filhos e disse pra eles, mais ou menos assim: "Não quero ouvir história de vingança de nenhum de vocês. Nossa família é de paz." E em paz ficaram até e depois da recuperação do tiro recebido por Tia Yayá. Confesso que não herdei bem essa pacificidade dos Coelhos.

A outra observação que faço do seu texto, Walmar, é que papai, quando vivo tia Yayá, gozava de boa saúde e diariamente ia conversar com ela. Só adoeceu de Parkinsom, bem depois - tia Yayá já morrera - ele morando no bairro Cidade dos Funcionários. Tia Yayá, após a venda da casa de Messejana, morou em duas casas alugadas, todas próximas a nossa casa do Centro que ficava na rua Solon Pinheiro 756. A primeira, que tinha um pé de goabeira no quintal, em que morou ficava na Rua Solon Pinheiro entre a Rua Meton de Alencar e a Rua Clarindo de Queiroz. A segunda casa, ficava na rua Assunção, próximo à rua, que hoje é avenida, Domingos Olímpio. A gente lá de casa ia sempre visitá-la. Papai e Raimundo Inácio ia todo dia. Sandra e Sônia visitavam-na sempre. Wagner, Periguary idem...

Eu, menos ia na casa dela, talvez por sentir um certo vácuo da ausência do tio Chico.
Na casa, Maria do Espírito Santo, a santa Maria,  tinha uns pés de plantas em latas. Ela era de boas mãos tanto na cozinha, quanto em plantar. Tinha de tudo em Messejana: uma horta, com tomates, pimentões, coentros, verdura. Tinha cajueiros, pé de pitomba, seriguela, ata, carambola, mangueira, pe-de-canela, tangerina, cajarana, cajá, goiabeira, sapoti etc.  Maria foi também a melhor cozinheira que conheci. Eu gostava demais, dentre outras guloseimas, da sua macarronada com queijo, das bolinhas de carne, dos mingaus de aveia com cobertura de de canela, dos bolos Luís-Felipe. E as goiabadas que fazia no quintal de Messejana  em latas grandes de biscoito?  Sinto até o cheiro do doce se desprendendo das borbulhas avermelhadas! Lembro que ela dizia ter cozinhado para os passageiros dos aviões da Pan Air, contrato que, penso, tio Chico tinha com a companhia.

Lembro também de, numa das visitas que fiz a tia Yayá na casa da Rua Assunção ter-me encontrado com a Maria, filha do Tio Mário. Conversamos sobre educação, eu que estava empolgado em ensinar a ler meu filho Delano de ano de idade, com cartazes, usando um método revolucionário. A Maria do tio Mário, na época, era completamente contra este processo de queimar etapas na educação infantil. Eu pensava o contrário. Também meu irmão, Inácio que, como disse, visitava minha tia Yayá, quase todos os dias. Um dia chegando lá encontrou muita gente reunida, inclusive o Pery. Foi uma triste surpresa pra ele: tia Yayá falecera. Inácio quedou calado, quase em choque. Isso quem me contou foi o Pery no dia do falecimento da tia.

Tenho muitas lembranças boas de tia Yayá e de tio Chico. Aos poucos me vão chegando na caneta. Mas  desconheço outras histórias que você conhece e faz muito bem em contá-las.

Abraço, do primo,
George

A tia Yayá - Por Walmar Coelho


A minha querida tia era uma criatura doce, agradável  e rara, como o mel da jandaira!
Foi um elo precioso e forte na amizade e amor solidário que unia os irmãos Coelho e estes adoravam essa irmã única, numa retribuição de afeto. A outra irmã, Sylvia, já havia morrido na década de quarenta do século passado, quando se passaram também, todos os fatos aqui postados.

Ainda jovem, uma mocinha muito bonita, a tia Yayá foi alvo das investidas amorosas de um militar em Cascavel. Ante a sua recusa, o pretensioso namorado vingou-se lhe desferindo alguns tiros que não a mataram por sorte, mas custaram-lhe demorados cuidados médicos que, graças a Deus, a reabilitaram.

A família Coelho, muito pacífica e ordeira, nunca absorveu o triste episódio que jamais era comentado e sempre  tratado com rigoroso silencio. Meu pai só disse-me o caso quando eu já era homem feito e mesmo assim, pedindo-me que evitasse divulga-lo!

Ela casou-se com um homem franzino de média estatura, moreno de cabelos lisos, Chico, que em Cascavel exercia o ofício de alfaiate. Com o tempo, o casal veio morar em Messejana, distando doze quilômetros de Fortaleza, habitando uma grande e aprazível casa, situada no meio de um sítio com as mais diversas fruteiras.

A citação do tipo físico do Chico tem um sentido. A minha avó Sinhá (Raimunda) era muito racista e foi recebida pelo citado casal, naquela casa, por anos seguidos até a data de sua morte! Lembro-me que ela e tia Yayá eram adeptas fiéis das novelas que naquele tempo só chegavam em reproduções das rádios do sul do país. Quando visitava a minha tia, lembro-me das mãe e filha com ouvidos encostados num rádio grande, daqueles antigos, para melhor captarem os sons que chegavam pouco audíveis.

Depois da morte do Chico, tia Yayá decidiu vender a casa e ir morar em Fortaleza.
Neste período foi que ela contou com o imenso carinho que meu pai lhe dispensou, ao cuidar das suas finanças, das compras de alimentos e sobretudo da sua saúde já que minha tia era sujeita a frequentes e perigosas crises de asma. Neste mister foi Walter o único irmão a lhe prestar assistência já que os outros já haviam morrido, ou no caso do tio Adauto, mais novo que ele,  se encontrava com séria enfermidade. A tia Yayá contava em casa, com a companhia de uma preta velha, a Carmélia, que generosa e fiel lhe acompanhou até seus últimos dias.
Minha tia havia se instalado para seus últimos anos, numa modesta casa na capital, com poucos cômodos.

Naquela época, lembro-me que pedi ao meu querido primo Gerardo Coelho, sua participação para darmos à idosa tia, uma televisão nova para sua distração. Nós dois dividimos a despesa para a compra do precioso objeto que teria uma serventia incomum para aquela notável apreciadora das novelas.


Walmar Coelho

sampco@uol.com.br

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Emoções e sentimentos humanos em versos - Walmar Coelho


ALMA GÊMEA

O homem quase endoidece
Na busca da alma gêmea
É um grão bem ocultado
No meio daquela sêmea
Ele só desassossega
Quando encontra sua fêmea

A APATIA

É descrença a apatia
Por falta de emoção
Uma quase letargia
Talvez a desatenção
A perda de energia
E a cruel depressão.

A ANGÚSTIA

Angústia é a sensação
De dor e ansiedade
Crava dor no coração
E a mente, sem verdade
sofrem cabeça e razão
sem dó e sem piedade

AGRESSIVIDADE

Agressivo é o humano
Que desde a mais tenra idade
Trata o outrem bem grosseiro
E sem ter afinidade
Não sofre por bem querer
Nem falta de amizade

AFLIÇÃO

Aflição é desespero,
Mal estar e agonia
É uma dor que dói na gente
Não se sabe onde cria
Mas tanto ela maltrata
Sem sabermos quando estia
  
AFETIVIDADE

Relação de bem querer
Afeição, afinidade
O amor que se desperta
Com desejo, com vontade
Almas que se encontram
Com grande felicidade

ALEGRIA

Alegria é sentimento
Que expande o coração
Vibra o corpo e a alma
Vira tudo vibração
Contamina quem tá perto
É face da perfeição.

ILUSÃO

Um engano pros sentidos
Principalmente a visão
O real é destorcido
Fica ausente da razão
Se alimenta do não crível
E o sim agora é não

A AMBIVALÊNCIA

Sentimentos conflitantes
Do querer e não querer
Do ódio e do amor
De choques a concorrer
Pessoa tão dividida
Não tem a quem recorrer — 

A SIMPATIA

Vem lá de dentro da alma
A força da simpatia
Cerca e prende as pessoas
Com intensa alegria
Agrada os que estão perto
Da afável companhia. — 

A ANSIEDADE

Ansiedade é sofrimento
De causas emocionais
Vem provocando a fadiga
A insônia e muito mais
Uma tensão manifesta
De forças predominais.

  
Walmar Coelho

sampco@uol.com.br

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A Simpatia - Walmar Coelho

Vem lá de dentro da alma
A força da simpatia
Cerca e prende as pessoas
Com intensa alegria
Agrada os que estão perto
Da afável companhia.



Walmar Coelho

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Caleidoscópio - Por Sônia Coelho


O que dizer dessa saudade?
São pedaços da vida que giram
Feitos vidrinhos de caleidoscópios


Reflexos, lembranças coloridas,
Que num instante estão aqui e acolá,
Brilhando, indo e vindo, sem parar.
Fragmentos, imagens, momentos
Que nunca mais se repetirão.

Sônia Coêlho.

P.S. Este caleidoscópio foi feito pelo meu pai Adauto Coelho.



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

§ As Nove Musas - Por Walmar Coelho


1 Calíope
2 Clio
3 Euterpe
4 Tália
5 Melpômene
6 Terpsícore
7 Érato
8 Polímnia
9 Urânia

Calíope (bela voz), a primeira entre as irmãs, era a musa da eloqüência. Seus símbolos eram a tabuleta e o buril. É representada sob a aparência de uma jovem de ar majestoso, a fronte cingida de uma coroa de ouro. Está ornada de grinaldas, com uma mão empunha uma trombeta e com a outra, um poema épico. Foi amada por Apolo, com quem teve dois filhos: Himeneu e Iálemo. E também por Eagro, que desposou e de quem teve Orfeu, o célebre cantor da Trácia.
Musa da bela voz, eloquência
Tinha o buril e a tabuleta
O ar majestoso era aparência
Numa mão trazia uma trombeta
Noutra, poema, a sua essência
Dava origem à cançoneta!

Clio (a que confere fama) era a musa da História, sendo símbolos seus o clarim heróico e a clepsidra. Costumava ser representada sob o aspecto de uma jovem coroada de louros, tendo na mão direita uma trombeta e na esquerda um livro intitulado "Tucídide". Aos seus atributos acrescentam-se ainda o globo terrestre sobre o qual ela descansa, e o tempo que se vê ao seu lado, para mostrar que a história alcança todos os lugares e todas as épocas.
Sua fama veio da história
O clarim, os louros e a trombeta,
O globo e o tempo são a memória
Clepsidra e não a ampulheta
Musa célebre, filha da glória
Mostra ditosa sua faceta

EUTERPE
Euterpe (a que dá júbilo) era a musa da poesia lírica e tinha por símbolo a flauta, sua invenção. Ela é uma jovem, que aparece coroada de flores, tocando o instrumento de sua invenção. Ao seu lado estão papéis de música, oboés e outros instrumentos. Por estes atributos, os gregos quiseram exprimir o quanto as letras encantam àqueles que as cultivam.
Euterpe e a coroa de flores,
Sua bela invenção que foi a flauta
Seu lirismo nos deu esplendores
E o júbilo fez a sua pauta
Encantavam-se todos amores
A serena se punha incauta

TÁLIA
Tália (a festiva) era a musa da comédia que vestia uma máscara cômica e portava ramos de hera. É mostrada por vezes portando também um cajado de pastor, coroada de hera, calçada de borzeguins e com uma máscara na mão. Muitas de suas estátuas têm um clarim ou porta-voz, instrumentos que serviam para sustentar a voz dos autores na comédia antiga.
A Tália era uma musa festiva
E conduzindo os ramos de hera
Seu cajado era a imagem viva
E o borzeguim que lhe persevera
Na comédia a maior e altiva
E com o clarim é que vocifera

MELPÔMENE
Melpômene (a cantora) era a musa da tragédia; usava máscara trágica e folhas de videira. Empunhava a maça de Hércules e era oposto de Tália. O seu aspecto é grave e sério, sempre está ricamente vestida e calçada com coturnos.

Melpômene, era a musa cantora
Que punha a máscara da tragédia!
Oposto de Tália a canora
Que não seria a tragicomédia
Empunhava a maça acolhedora,
Grave e séria, postura média.

Terpsícore (a que adora dançar) era a musa da dança. Também regia o canto coral e portava a cítara ou lira. Apresenta-se coroada de grinaldas, tocando uma lira, ao som da qual dirige a cadência dos seus passos. Alguns autores fazem-na mãe das Sereias
A irmã que adora dançar
Musa também do canto coral
A lira era o seu completar
Com a cítara, tão jovial
A mãe sereia a abrilhantar
O destaque exponencial.

ÉRATO
Érato (a que desperta desejo) era a musa do verso erótico. É uma jovem ninfa coroada de mirto e rosas. Com a mão direita segura uma lira e com a esquerda um arco. Ao seu lado está um pequeno Amor que beija-lhe os pés.
Érato despertava o desejo
Verso erótico, o seu guia
A lira e arco para manejo
Mirto e rosas lhe distinguia
E o amor aos pés por seu almejo
Completo o quadro conseguia

POLÍMNIA
Polímnia (a de muitos hinos) era a musa dos hinos sagrados e da narração de histórias. Costuma ser apresentada em atitude pensativa, com um véu, vestida de branco, em uma atitude de meditação, com o dedo na boca.
Polímnia, a dos hinos sagrados,
Musa da narração de histórias
Véu e vestido apudorados
Que meditava invocatórias
Quase deusa dos assessorados
Sublimando suas trajetórias

Urânia
· Urânia (celeste) era a musa da astronomia, tendo por símbolos um globo celeste e um compasso. Representam-na com um vestido azul-celeste, coroada de estrelas e com ambas as mãos segurando um globo que ela pare ce medir, ou então tendo ao seu lado uma esfera pousada uma tripeça e muitos instrumentos de matemática. Urânia era a entidade a que os astrônomos/astrólogos pediam inspiração.
Urânia, musa da astronomia
Seu símbolo o globo terrestre
Estrela, vestes, policromia
Globo e as medidas do mestre
Distinta e bela fisionomia
E nas peças úteis se orquestre!

Walmar Coelho

sábado, 19 de maio de 2012

Lembranças do Walmar sobre os Coelhos do Cascavel

Sobre Zelito, filho do tio Sebastião


Primo George,
Vou lhe contar uma do nosso primo Zelito, que possuia uma imaginação fertilíssima e não perdia ocasião de exercitá-la.
Ele estava uma vez, reunido a um grupo de amigos criadores, como ele.
Nisto chega um empregado seu e avisa-lhe em bom som, para que todos o ouvissem!
- Seu Zelito, a vaca arriou os quartos.
Ele retruca de imediato!
- Eu não avisei que não se devia ordenhar o animal como vocês o fizeram, contra minha recomendações? A vaca tinha que ser desleitada, alternando-se as tetas em sentido diagonal. Resultado, vocês foram ordenhar os peitos dianteiros, não deu outra. E concluiu,
- A vaca arriou a traseira!
(Era lógico que ele havia preparado a situação, adrede.)
Outra dele:
Seu sogro era um homem de poucas posses.
Mas, sempre que podia, desenhava outra situação para o pai de Clarice.
- Eu não tenho nada, mas meu sogro tem terras que vão da Messejana ao Ipu...
(Quando tiver ocasião, peça ao Bosco e Gonzaga que eles sabem de muitas do Zelito).

Escrito por Walmar Coelhov

Lembranças dos Coelhos do Cascavel - George Coelho


Do Tio Mário

Uma vez, menino de uns 8 anos, portanto era talvez 1960, fui na casa do tio Mário, levado pelo tio Chico em seu lentíssimo Prefect verde. A casa, de frente para a Escola Normal, próxima a igreja do Pequeno Grande e também próxima à casa de tio Sebastião, era sombreada por uns Ficus Benjamins que ficavam na calçada. Pelo aspecto sóbrio, a casa toda me deu impressão de biblioteca e, pelo sombreado que falei, uma certa penumbra tranquila. A tia Liló e o tio Mário me pareceram, mesmo com a minha visão de criança, pais afetuosos demais com os filhos. Tudo estava sereno, não fora na ocasião uma das primas, acredito a mais nova, que chorava por algo ou por causa das visitas, não sei o motivo. Esticava o choro ficando quase sem respirar pra chamar mais a atenção dos pais. Era uma certa chantagem emocional, comum em toda criança, com os pais que não queriam contrariá-la. Tio Chico, neutro, prático que era, e com o senso de humor sempre presente, aconselhou meu tio mais ou menos assim: Não liga não, Mário. Deixa a menina chorar que ela se cansa e pára logo, logo. Só isso o que me lembro daquele dia da visita que o tio Chico fez ao tio Mário numa certa manhã de sol dos meus talvez 8 anos.

George Alberto de Aguiar Coelho

Organização Torres

Sebastião Coelho está na cabeceira da mesa e Tio Mário é o segundo sentado à mesa, parte superior da foto. (Foto do acervo de Gonzaga Coelho)
Sebastião Coelho está na cabeceira da mesa, Tio Mário é o segundo sentado à mesa no lado direito, enquanto o terceiro, do seu lado esquerdo é Tio Omar. (Foto do acervo de Gonzaga Coelho)

Fotos dos Coelhos do Cascavel

Os Coelhos do Cascavel
(Foto do acervo de Gonzaga Coelho)

Vovô Sebastião e  Vovó Sinhá. (A criança nos joelhos do meu avô?)
(Foto do acervo de Gonzaga Coelho)

Vovô Sebastião e Tio Sebastião (filho mais velho)
(Foto do acervo de Gonzaga Coelho)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sylvia Coelho

Sylvia Coelho, nos primórdios e belos dias de ilusão democrática, quando então o PT era o partido dos intelectuais e trabalhadores - Campanha eleitoral de 1982. Sylvia Maria foi candidata a deputado estadual pelo PT neste ano.


Lá em casa, comigo (George), eram 5 irmãos. Pela ordem: Sylvia Maria (herdou o nome da tia Sylvia que eu não conheci), Raimundo Inácio (herdou o nome do pai da minha mãe Aldenora), George Alberto (ganhei o meu nome por causa de um rei da Inglaterra que perdeu o cetro por se casar com uma plebeia), Sônia Maria e Sandra Maria. As filhas todas Marias. Minha mãe, Aldenora, faleceu em 2008; minha irmã, Sylvia, faleceu, antes, em 2007 e deixou 3 filhas. Raimundo Inácio mora em Piracuruca-Pi, é pai de 6. Sônia Maria mora em Brasília e tem 1 filho e 2 filhas, Sandra Maria mora em Fortaleza. Eu, tenho dois filhos, uma filha e um neto. E assim as gerações se sucedem que ninguém vai ficar pra pedra
George Alberto de Aguiar Coelho

Marielda Coelho

Marielda Coelho
Foto do acervo de Gonzaga Coelho

Vovó Raimunda

Vovó Raimunda
Foto do acervo de Gonzaga Coelho

Tio Coelho


Tio Coelho e sua esposa,  Tia Ester
Foto do Acervo de Gonzaga Coelho




    • George Coelho Interessante como a geração de nossos pais gostava de binóculos. Acho que era um reflexo da segunda guerra mundial. Eu, por exemplo, herdei dois binóculos, que eu ainda os tenho, de meu pai. Me lembro também de uma telescópio poderoso pra ver os céús construído pelas mãos hábeis de meu tio Coelho.

  • Sandra Coelho George Coelho, depois fotografa o binóculos e outros objetos antigos, posta (mesmo que não esteja mais com você)! É interessante para quem não conhece e gostoso relembrar!

  • José Walmar Sampaio Coelho Lembro-me bem de um telescópio feito pelo tio Coelho (habílissimo em mecânica e marcenaria), eu o tomava emprestado e nos veraneios praianos, além dos astros, divirtia-me a observar os navios que trafegavam na linha do horizonte, podia descobri-los se eram de carga ou de passageiros e quando o sol era favorável até o nome dos mesmos dava para ler!

  • José Walmar Sampaio Coelho Primo George. Temos contra nós o tempo que nos separa dos fatos!
    Mais fácil ao Peri, investigar pelo objeto junto ao Júnior (caçula dos irmãos), ou com os filhos da Neiara pois esta morou, casada e com marido e filhos, em companhia do casal Ester/Coelho. Mesmo após a morte do meu tio, ela ainda morou alguns anos, na casa da Rua Da. Leopoldina, 1242. È possível que eles achem o telescópio, ou os restos dele, no quarto onde meu tio trabalhava e fazia suas criações...


  • José Walmar Sampaio Coelho Em tempo: As casa da Rua Da. Leopoldina, pertencentes aos três irmãos, eram em respectivo: Nº 1224 do tio Omar, 1234 do Walter (meu pai) e 1242 do tio Coelho). A primeira, fazia esquina com a Rua Dª Bárbara, a segunda era a do meio e a terceira fazia esquina com um beco de pequenas casas e uma vila a seguir!

  • George Coelho Walmar, que fim levou esse telescópio? Ainda existe? Vi-o na calçada da casa do tio Coelho, um tio muito corado, enérgico, forte, na rua Dona Leopoldina. Quantos anos eu tinha? Talvez uns oito. Fui pouquíssimas vezes às 3 casas da dona Leopoldina. Da casa do tio Omar me impressionou a quantidade de camas existentes num quarto. Ali habitavam muitos primos. E o Inácio, meu irmão, morou na casa do tio Omar. Me lembro também de um objeto parecido com um jacaré na sala que dava para a cozinha; de muitos jabutis grandes no quintal da casa. Me lembro de um jardim de rosas da tia Artuzete na frente da casa da esquina. Da casa do tio Walter, que ficava no meio, vejo a tia Nenzinha. Da casa do tio Coelho e tia Ester: um caramanchão no jardim com ferramentas de marcenaria, o hobby do tio Coelho. Certa fez, ele fez pra mim um caminhão de madeira, o mais fantástico caminhão que um menino poderia receber. O trabalho era de uma perfeição extraordinária. A cor vermelha predominava na boleia; a carroceria de madeira. Uma réplica perfeita de um caminhão. O caminhão só tinha um defeito. Isso porque um amigo meu achou de botar defeito no caminhão. Acho que era uma certa inveja dele. As rodas da frente eram fixas e, na época, os caminhões dos meninos da mundiça, que eram feitos de lata e puxados a cordão, tinham como que uma lâmina de aço, ou lata, que dava liberdade pra girar as rodas da frente. Alguém improvisou pra mim essa adaptação no caminhão e colocou também uma espécie de feixe de mola na traseira.Tirou a originalidade, mas ficou perfeito à adaptação. A minha imaginação subia naquele caminhão, enquanto eu o puxava no cordão, contornando estradas curvas e feitas a mão de enxada num monte de barro que havia em Messejana, debaixo de um pé de jucá e ao lado do cercado em que a Maria, cantando Emilinha Borba e Cauby Peixoto, plantava e aguava os tomates, alfaces e verduras mais usando um aguador feito de lata. Por muito tempo quis ser motorista de caminhão. O tio Coelho tinha muita culpa nisso. 


    24 février, 07:35 · 


    Diálogo no facebook de 20 a 24.o2.2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Adauto Coelho - Fotos


Adauto Coelho no serviço militar

Adauto Coelho - retratos de formatura em direito
Adauto Coelho e Aldenora
Adauto Coelho e Aldenora. Filhos: George (o louro), Inácio, Sônia (nosbraços da mãe) e Sylvia. Faltou Sandra que ainda não era nascida.
Adauto Coelho em sua mesa de PX

domingo, 13 de maio de 2012

Minha mãe. De Sônia Coelho



Ai,meu coração dilacerado


no canto do bem te vi

 
na flor da dama

 
no cafezinho da tarde

 
enchurrada na calçada

 
Ai,calor do Piauí

 
minha ave cigana

 
jardim limpo

 
grama aparada

 
cheiro de bogari

 
batom carmim

 
brinco de ouro

 
cabelo frisado

 
Ai,que saudade no peito

 
do seu olhar profundo, fundo

 
na justiça tão esperada

 
seus filhos muito amados

 
na certeza do reencontro...

 
Ai, minha mãe amada!

 

(Texto: Sonia Coelho ; Pintura: Sandra Coelho)